segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Crônica de "Três Rosas"

Quase o coração saiu da boca quando viu aquela música insinuando saudade...Realmente ele estava sentindo saudade, mas de quem seria? Seria dele?
Já fazia quase cinco dias que não se encontravam e não trocavam as viciantes carícias. Sentia uma inexplicável falta daquele abraço, daqueles olhos, daquele sorriso...e das mil e umas loucuras que lhe saíam pela boca e faziam-os afogarem-se em risos. O amado afastara-se...E o amante esperava, com dores de parto, seu retorno. E logo naquele domingo tedioso, pareceu-lhe que chegou a hora...
Afinal de contas, para quem foi aquela musica? Naqueles dois meses, escutava por vezes a dizer-lhe o fascínio e encanto que os olhos lhe exerciam. A saudade latejava pinicando-lhe o coração tantas quantas vezes fosse necessário para mostrar-lhe que era forte o suficiente para suportar a distância. Naquele mesmo dia à tarde, quando o viu de relance, quase que involuntariamente saltou do carro em movimento apenas para abraçá-lo e perguntar-lhe de sua Paz...mas não o fez, não soube explicar o porquê a si mesmo.
Passou o dia todo invocando-lhe a presença em pensamentos, em sentimentos...chorou inclusive (quanta saudade)...
Desejou insinuar-se, matar-lhe a curiosidade, antes que ela o fizesse primeiro...Receou estar descumprindo acordos, ultrapassando limites...Decidiu mandar tudo para o inferno e o fez!

Amante: "Linda letra...foi para mim?" ('Ai meu Deus, quanto convencimento. Estraguei tudo' - Pensou)

(Para sua surpresa, o príncipe respondeu-lhe)


Amado: "Fica a dica..." ('????...Poxa...E agora?')
Amante: "Foi ou não foi?" ('Vou receber uma queimada...')
Amado: "Vou te responder te mandando outra pergunta: Você se encontrou em minha publicação? ('Fudeu...não foi...Ele está enrolando muito...')
Amante: "Sim, mas a incerteza me tirou..."('Ótima jogada, parceiro!')
Amado: "Vou deixar na dúvida..." ('Vou lá bater nele...Não seria má idéia...rs')
Amante: "Ah é? Ah é?" ('Ai que resposta idiota a minha...Não poderia ter falado algo mais inteligente? Aff')
Amado: "Hum rum (¬ ¬ ) nos poemas que você escreveu e que vi que de alguma forma foram direcionados a mim, eu percebia...Fica a dica" ('... =O   =O  =O  =O...')

Foi um impulso, ele poderia jurar que não queria mais pensar em nada...decidiu deixar-se levar pelo que tanto desejava...Tomou banho (Precisava correr antes que desistisse daquela loucura...Já fazia tanto tempo...), vestiu uma roupa qualquer ("Vou ser bem rápido, nem vou descer do carro...") Desceu ao jardim e no escuro procurou pela sua roseira, tentou arrancar com a mão e o liquido quente escorreu-lhe os dedos....Decidiu cortar com uma tesoura...Três rosas vermelhas ("Três para dar SORTE"), entrou no carro e partiu em direção ao seu sonho...

Na pista, acelerava o carro (...ou o coração?)...Não sabia como ia fazer, mas sabia o que queria fazer...Ainda sem entender a velocidade das coisas...em dois meses tantos elos foram criados, tanto afeto...impressionante. Sabia que tinha algo diferente naquilo...Sabia que tinha, sem saber o que de fato era...

Chegou!

Naquela escuridão, sentiu-se tal qual um criminoso (Afinal de contas, nem a polícia passaria desapercebida com aquela cena noturna...). Sua vontade era de ligar, gritar seus sentimentos, colocar-se ao avesso, fazer serenata...Sabia que não podia fazê-lo, não ainda. O cadeado era pequeno demais, cortou-se inúmeras vezes e optou por trancá-lo com uma das rosas. Sabia que depois daquilo estaria trancando a si próprio em coisas que só ele saberia compreender...Afinal, já faziam três anos que prometera...Enfim.
jogou as outras rosas no chão da casa ("Preciso correr...Demorei demais")

Arrancou o carro. Queria sumir dali o mais rápido possível. Antes que perdesse o resto de controle que tinha...("E se os pássaros comerem? E o vento? E se alguém roubasse-as dele?"). Ligou!

Amante: "Desculpa...Sabia que Papai Noel visita casas antes do dia 24?" ("Meu Deus, que viadagem...Essa foi *%$@)
Amado: "Não entendi...(risos)"
Amante: "Ele deixou algo na sua porta. beijos"
Amado: "Volte agora aqui para casa!"

Ele retornou....estava prestes a ter um infarto, mas precisava do coração saudável ainda por muito tempo ("ou nao?")...
Ele apareceu na porta da casa...("Vou morrer aqui...Me ferrei!)
Vinha na escuridão...das sombras. Ele conhecia aquele jeito de andar marrento, perdido e firme do Amado...Trancou-se-lhe o corpo. Só assim não sairia correndo, nem saltaria pela janela, como naquela mesma tarde.
Se aproximou do carro...A rua estava tão escura, mas parecia tão iluminada...

(...)

Ele voltou chorando para casa...
Estava Feliz!

domingo, 11 de dezembro de 2011

DESEJO X AMOR



"Desejo e Amor. Irmãos. Por vezes gêmeos; nunca, porém, gêmeos idênticos (univitelinos).

Desejo é vontade de consumir. Absorver, devorar, ingerir e diferir - aniquilar. O desejo não precisa ser instigado por nada mais do que a presença da alteridade. Essa presença é desde sempre uma afronta e uma humilhação. O desejo é o ímpeto de vingar a afronta e evitar a humilhação. É uma compulsão a preencher a lacuna que separa da alteridade, na medida em que esta acena e repele, em que seduz com a promessa do inexplorado e irrita por sua obstinada e evasiva diferença. O desejo é um impulso que incita a despir a alteridade dessa diferença; portanto a desempoderá-la [dissempower]. Provar, explorar, tornar familiar e domesticar. Disso a alteridade emergiria com o ferrão da tentação arrancado e partido - quer dizer, se sobrevivesse ao tratamento. mas são grandes as chances de que, nesse processo, suas sobras indigestas caiam do reino dos produtos de consumo para o dos refugos.

O amor, por outro lado, é a vontade de cuidar, e de preservar o objeto cuidado. um impulso centrífugo, ao contrário do centrípeto desejo. Um impulso de expandir-se, ir além, alcançar o que "está lá fora". ingerir, absorver e assimilar o sujeito no objeto, e não vice-versa, como no caso do desejo. Amar é contribuir para o mundo, cada contribuição sendo o traço vivo do eu que ama. No amor, o eu é, pedaço por pedaço, transplantado para o mundo. O eu que ama se expande doando-se ao objeto amado. Amar diz respeito a autossobrevivência através da alteridade. E assim o amor significa um estímulo a proteger, alimentar, abrigar; e também à carícia, ao afago e ao mimo, ou a - ciumentamente- guardar, cercar, encarcerar. Amar significa estar a serviço, colocar-se à disposição, aguardar a ordem. Mas também pode significar expropriar-se e assumir a responsabilidade. Domínio mediante renúncia, sacrifício resultando em exaltação. O amor é irmão xipófago da sede de poder - nenhum dos dois sobreviveria à separação.

Se o desejo quer consumir, o amor quer possuir. Enquanto a realização do desejo coincide com a aniquilação do seu objeto, o amor cresce com a aquisição deste e se realiza na sua durabilidade. Se o desejo se autodestrói, o amor se autoperpetua. [LINDO ISSO!]

Tal como o desejo, o amor é uma ameaça ao seu objeto. O desejo destrói seu objeto, destruindo a si mesmo nesse processo; a rede protetora carinhosamente tecida pelo amor em torno do seu objeto escraviza esse objeto. O amor aprisiona e coloca o detido sob custódia. Ele prende para proteger o prisioneiro.

Desejo e amor encontram-se em campos opostos. O amor é uma rede lançada sobre a eternidade, o desejo é um estratagema para livrar-se da faina de tecer redes. Fiéis a sua natureza, o amor se empenharia em perpetuar o desejo, enquanto este se esquivaria aos grilhões do amor."

Amor Líquido - Zygmunt Bauman

Amor, o sentimento mais gostoso, doloroso, simples de se sentir e complexo para se explicar. A necessidade humana de torná-lo fixo nos recônditos do coração, por vezes parece-se tal qual uma Utopia. sofrimentos e alegrias andam de mãos dadas. Aprendizados e Recuperações. Cicatrizes e Lições. Realização e Medo. Perdas e Ganhos. Mas...apesar de tudo, vale a pena amar! Vale a pena ver o mundo com cores mais vivas...E quem sabe, mais tarde, com cores fúnebres. Vale a pena sentir-se vivo!!!!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Beije-me com calma, Estrela de Corinto
Poe em meu peito, tua constelação
Enche-me de torpente Inquietação
Sê tu, meu farol, neste labirinto
Em que se encontra meu coração

Guia-me nas veredas dum destino
Que desejo, já desde menino
Viver com intensidade demasiada
Que seja nosso afeto pra sempre divino
Seremos, os dois, como peregrinos
Até que se aproxime a Alvorada

Explodindo em gozo todo nosso sentimento
Será-nos eterno o presente e o futuro
Farei de meu corpo, teu amor mais puro
Tu, estrela Cadente; eu, teu firmamento!

                                       Gustavo Leão