sexta-feira, 30 de março de 2012

Mesmo estando tão distante
Sabes se manter presente
Diz que sou o seu amante
Seu amor é Paciente.

Quando meu choro é sem fim
Me ofereces ombro amigo
Ficas sempre junto a mim
Amo tanto estar contigo

Quando o medo me abate
Tu seguras minha mão
Tua Paz entao me invade
Repousa meu coração

Se a noite é tenebrosa
Me abraças e me esquentas
Sinto teu cheiro de rosas
E meu corpo não aguenta

Quando digo que te odeio
Tu me dizes que me ama
Me suportas sem rodeios
És um anjo em forma humana

Gustavo Leão

segunda-feira, 26 de março de 2012

Quem teve tamanha ousadia?
Ordenando ao sol que nascesse,
Que o azul do céu aparecesse,
E a Luz ofuscasse a monotonia?

Foi Deus, acaso quem permitiu à Lua 
Guardar-se do meu sepulcro particular
Despertando-me deste 'sem fim' de sonhar
E sair, com peito translucido, à rua?

Quem abriu a porta de minha varanda
Tirou-me, concentrado, do meu alento
Levando-me embora, na companhia do vento
Para brincar com as árvores de ciranda?

Quem me despiu e, nu, deitou-me em meio a relva?
Como se fosse eu quem merecesse uma medalha
Rasgou-me por inteiro, a minha mortalha
Ordenou-me a fugir do mundo e viver na selva

Ficarei aqui, portanto, sozinho assim
Farei de meu sorriso, toda minha beleza
Viverei em meio à Natureza
e a Natureza viverá inteira dentro de mim!

Gustavo Leão

sexta-feira, 23 de março de 2012

Acorda, vem olhar a Lua...Que Lua? 
Porventura não percebeu que é dia?
Te enches assim, entufando-te de ironia
Ou não queres partilhar a tristeza que é só Tua?

Companheiro, entenda-me o instante sereno
Em que a nostalgia me assombra a alma
Neste dia quente, sem vento e sem calma
A saudade me espeta, afoga-me como um veneno

Não te compreendo, amado amigo
Do que estás a falar com as lágrimas a escorrer?
Falavas tanto da vida, do riso e pareces morrer...
O que te incomoda? O que te deixas aflito?

Não me entendes porque ainda não viveu
Nem adquiriu a experiência que tão somente necessitas
Tens medo de amar e desde sempre tu evitas
Não compreenderás a dor de um amor que morreu.

Se acaso me lamento, e desato da garganta o nó
É porque a saudade me espreme, por inteiro, os pulmões
E onde vivo agora, um inferno cheio de ilusões
Apenas aumenta a sensação e a certeza de que estou só.

Não te assombres, nem te assuste com minha situação
Mesmo que me atentes não poderás me compreender
Sou como o Sol, que de frente não se pode ver
Só Deus consegue sondar meu coração.

Gustavo Leão
Certas horas do dia, a paz me abandona
Como se em mim apenas metade existisse
Meu coração, por inteiro, fica tão triste
E um grito visceral me vem à tona

Quem pensaria que nessa etapa da vida
Seria eu a arrepender-me de ter abandonado
Um amor 'quase-perfeito' tão bem achado
E ter criado, dolorosamente, a tal partida

Vez ou outra, ansioso, moído já de saudade
Controlo em mim uma incontrolável vontade
De embarcar no avião e ir ao teu encontro

Mas o medo certeiro tao logo me paralisa
Não conseguirei mais ultrapassar nossa divisa
Decerto não suportaria esse nosso confronto


Gustavo Leão

quarta-feira, 14 de março de 2012

Beija-me os lábios com toda serenidade
Exatamente doce e na cabível medida
Como, quem sabe, fosse beijo de despedida
Desatando-me o nó da tua virilidade

Faz-me cócegas, forçando-me a risada
Cruzando-nos em um laço as nossas pernas
Despenco, rendido em inocência fraterna
E roça-me o corpo por toda a madrugada

A tua língua ao passear em meu corpo
Me inflama em gasolina o corpo morto
Me acende em brasa, labaredas de fogo
E me alcança, pervertido, o teu escopo

Nosso leito tornará tal qual verde relva
Os corpos sem raízes rolarão unidos
Tomar-se-ão como fossem dois maridos
Consumindo-se os corpos, duas feras da selva