NAO
Oh, meu amor, quem me dera fosses
Meu jardim escolhido para a vida
Fecundando-me mil filhas
Nesta relva pincelada de flores.
Mas meu amor, teu amor pouco é
Tão pouco ao meu coração insaciável
De tua migalha, teu amor intragável
Para não dormir nele, afogo-me de café.
Dou-te tanto de todo tanto que eu tenho
Em mil maravilhas, surpresas e milagres
Do meu vinho, retorna-me em vinagre
E teu amor, não vejo algum empenho.
Dou-te tudo, querendo retorno amável
Mas alimenta-me um desejo constante
De desistir de tudo o quanto antes
Nosso amor torne-se Abominável.
Se de toda perfeição te encontro em falhas
De todo dia, tua solidez me acidifica
Teu corpo morto em minha pele viva
Não sou obrigado a comer tuas migalhas!
Digo-te que não, não de dolorosa aflição
Da rotina do tanto que me diz
Chego a pensar que jamais serei feliz
Pois possuir-me é tua única ambição.
(Gustavo Leão)
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